FILOSOFIA ANTIGA

FILOSOFIA ANTIGA

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MATÉRIA 3º BIMESTRE - 1A,B,C,D,E,F,G,H,I,J.


D) ESCOLA ELEATA

1) XENÓFANES DE COLOFÃO

Vida: 570 -  a.C.
Filosofia: “Tudo nasce da terra e na terra termina” e “Todas as coisas que nascem e crescem são terra e água”.
Phýsis: Terra e Água
- Fundador da Escola Eleata
- Critica à concepção tradicional dos deuses que Homero e Hesíodo haviam fixado de modo exemplar e que era própria da religião pública e do homem grego em geral.
- Erros:
a) Antropormofismo (forma de homem): atribuir aos deuses formas exteriores, características psicológicas e paixões iguais ou semelhantes aos homens.
- depois das críticas de Xenófanes, o homem ocidental não poderá nunca mais conceber o divino segundo formas e medidas humanas.
b) Deus-Cosmo: (atributos) uno, tudo vê, tudo pensa, tudo ouve, mas sem esforço, com a força de sua mente, tudo faz vibrar, e (imóvel) permanece sempre no mesmo lugar sem mover de modo algum, pois não lhe é próprio andar ora em um lugar, ora em outro.

2) PARMÊNIDES DE ELÉIA

Vida: 510 - 470 -  a.C.
Filosofia: “O ente é; pois é ser e nada não é”.
Phýsis: Ser (princípio e fora do princípio nada existe)
Primeira Via ou da Verdade ou Princípio da Identidade: O Ser
- é
- existe
- pode ser pensado e dito
- não gerado (porque de outro modo deveria derivar do não ser, mas o não ser não existe).
- é incorruptível: porque de outro modo deveria terminar no não-ser
- não tem passado  nem futuro
- é um eterno presente, sem inicio nem fim.
- é imóvel (não se movimenta)
- imutável (não sofre mudança)
- homogêneo (todo igual a si, porque mão pode existir mais ou menos ser)
- é perfeito (pensável)
- uno
- limitado
- fora do ser não existe nada
- representado pela ESFERA

Segunda Via ou da Falsidade ou Princípio da Não-Contradição: O Não-Ser

- não é
- não existe
- não pode ser pensado e nem dito
- é a via do erro, a qual, confiando nos sentidos, admite que exista o DEVIR (movimento), e cai, por conseguinte, no erro de admitir a existência do não-ser.
- Ápeiron = indefinido, ilimitado, indeterminado.

3) ZENÃO DE ELEIA

Vida: 488 – 430 a.C.
Filosofia: “O que se move sempre está no mesmo agora”.
Phýsis: Ser
- grande defensor das idéias de Parmênides
- método: dialética (refutação da refutação): demonstração por absurdo.
- Argumentos contra o movimento:

a) Argumento da dicotomia: pretende-se (contra Parmênides) que, movendo-se de um ponto de partida, um corpo possa alcançar a meta estabelecida. No entanto, isso não é possível. Com efeito, antes de alcançar a meta, tal corpo deveria percorrer a metade do caminho que deve percorrer e, antes disso, a metade da metade, e antes, a metade da metade da metade, e assim por diante, ao infinito (a metade da metade da metade... nunca chega ao zero).

b) Argumento de Aquiles: Aquiles conhecido por ser “o pé veloz”, nunca poderá alcançar a tartaruga, conhecida por ser muito lenta. Com efeito, caso se admitisse o oposto, se apresentariam as mesmas dificuldades vistas no argumento anterior.

c) Argumento da flecha: uma flecha lançada do arco, que a opinião comum crê estar em movimento, na realidade está parada. Com efeito, em cada um dos instantes em que o tempo de vôo é divisível, a flecha ocupa um espaço idêntico; mas aquilo que ocupa um espaço idêntico está em repouso; então, se a flecha está em repouso em cada um dos instantes, deve estar também na totalidade (na soma) de todos os instantes.

d) Argumento da velocidade: a velocidade não é algo objetivo, mas sim relativo, e que, portanto, o movimento do qual é propriedade essencial também é relativo e não objetivo.

4) MELISSO DE SAMOS

Vida: 490 – 450 a.C.
Filosofia:  “o ser é eterno, infinito, uno, todo igual”.
Phýsis: Ser
- foi o sistematizador do pensamento eleático.
- O ser:
- não gerado e indestrutível
- extensão ilimitada
- uno
- homogêneo
- imutável
- imóvel
- incorpóreo:  sendo uno, não deve ter corpo. Mas se tivesse solidez, deveria ter partes e já não seria uno.
- infinito: tanto espacialmente, enquanto nada existe nada que o possa delimitar, como numericamente, enquanto é uno e tudo, e cronologicamente, enquanto sempre era e sempre será.

E) ESCOLA PLURALISTA

1) EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO

Vida: 484/481 – 424-421 a.C.
Filosofia: “Pois destes (elementos) todos se constituíram harmonizados, e por estes é que pensam, sentem prazer e dor.”
Phýsis: Múltiplo ou Quatro raízes ou quatro elementos (terra, fogo, ar e água)
- os elementos são: incorpóreos, incorruptíveis, homogêneos, eterno, inalteráveis, ou seja, tem as categorias fundamentais do ser eleático.
- os elementos são movidos e governados por duas forças cósmicas:
* AMOR ou AMIZADE (philia) = agrega, une, reune. Temos a perfeita unidade (o Esfero). Vida é a mistura dos elementos.
* ÓDIO ou DISCÓRDIA (neîkos) = desagrega, desune, separa. Temos ao invés o máximo de desagregação (o Caos). Morte é a separação dos elementos.
- CICLO DO MUNDO:
1º - tudo está misturado com tudo = UNO
2º - o ódio separa tudo de tudo = MÚLTIPLO
3º - o amor se introduz, unindo os semelhantes e organizando o mundo = KÓSMOS
4º - o ódio torna-se mais forte que o amor, separa os diferentes = CAOS

2) ANAXÁGORAS DE CLAZÓMENA

Vida: 500/496 – 428/427 a.C.
Filosofia: “Há em cada coisa uma porção de cada coisa” e “Todas as coisas estão juntas”.
Phýsis: Homeomerias ou Spérmatas (sementes) ou Mistura ou Multiplicidade
- a phýsis: eterna, imutável, imóvel, plena e invisível.
- as sementes: são qualidades opostas
* quente/frio; úmido/seco; denso/sutil/ grande/pequeno, branco/preto, luminoso/escuro, amargo/doce.
- ser: imutável/ uno
- mundo: mutável/ plural
- nada é criado nem destruído
- tudo é completo e nada lhe pode ser acrescentado
- NÔUS: princípio eterno, imutável, separa, une, força inteligente e pensante, corporal, sozinho, motor cósmico, misturador, matéria diáfana, incorruptível, responsável pela vida e sua ordem.
Criação do Mundo:
- no princípio magma indiscernível onde tudo esta misturado com tudo
- magma é feito das sementes
- Nôus surge e separa as sementes surgindo as coisas e o mundo.

F) ESCOLA ATOMISTA

1) LEUCIPO DE MILETO

Vida: 480 – ? a.C.
Filosofia: “Numa das coisas se engendra por acaso, mas por razão e necessidade”
Phýsis: Átomos ou Pleno e Vazio ou Vácuo
- átomo = não cortável
Características: maciços (unidades), grande vazio (limite), ritmo (forma), plenos, indivisíveis, unos, contínuos, imutáveis, eternos, todos iguais em substância, infinitos.
- entre um átomo e outro existe o vazio ou o vácuo que é o não-ser como algo real, existente, mas sem corpo.
Criação do Mundo:
- as coisas são geradas pelo contato entre os átomos que se movem no vácuo, chocando-se, ricocheteando-se uns contra os outros, fazendo as coisas nascer, mudar e perecer.
- o movimento espontâneo dos átomos é inerente a eles e é racional e necessário, não sendo contingente (dependente) ou por acaso.
- determinam o nascimento das coisas por agregação e a morte delas por desagregação.
- a diferença entre os átomos não é qualitativa mas quantitativa (forma, grandeza, posição, direção e velocidade).
- a diferença entre as coisas é apenas pela forma, arranjo e posição dos átomos.

2) DEMÓCRITO DE ABDERA

Vida: 460 - 370
Filosofia: defesa e elogio das técnicas ou artes
Phýsis: Átomos
- As idéias éticas e técnicas de Demócrito fazem dele um
FILÓSOFO DE TRANSIÇÃO, isto é, com preocupações cosmológicas e antropológicas, foi ao mesmo tempo, um pré-socrático (porque buscou a phýsis) e um filósofo do período socrático (porque se interessou pelas técnicas e pela ética.

Primeira Ordenação:
- no princípio do mundo não tinha ordem nem lei
- mundo dos homens = medo e morte.

a) Invenções:

1) Família: o medo levou a compreensão da utilidade da reunião para a defesa recíproca.
2) Religião: - inventaram os deuses e a eles atribuíram a origem das coisas e das técnicas, doadas aos humanos.
3) Linguagem: sua invenção propiciou o sentimento de estabilidade, regularidade e repetição das coisas.

b) Descobertas: voz, mãos e razão

1) experiência: que é a capacidade para intervir sobre as coisas de modo regular, estável e contínuo.
2) artes ou técnicas: descobertas humanas
a) agricultura: lavrar a terra
b) arquitetura:  construir suas casas
c) medicina: curar doenças
d) pedagogia: educação das pessoas
e) política; criar leis para organizar a sociedade
3) vida em sociedade.

PERÍODO SOCRÁTICO OU ANTROPOLÓGICO

1. OS SOFISTAS

1.1. O Termo Sofista

- termo sofista: sábio, especialista do saber.
- acepção da palavra em si mesma é positiva, tornou-se negativa sobretudo pela posição de Platão e Aristóteles, sendo desvalorizados e considerado um momento de grave decadência do pensamento grego.
- somente no século XX foi possível uma revisão sistemática desses juízos e, uma reavaliação histórica dos sofistas, cuja conclusão constitui um ele essencial na historia do pensamento antigo.

1.2. Identidade

- não eram filósofos
- eram professores de ARETÉ (virtude), de DÓXA (opinião)
- eles tinham um dom, um saber prático, que ele escolhe e apresenta de modo atraente
- formação: conhecimento da história e na explicação médica sobre o processo de humanização do homem por meio dos costumes. Tudo é por convenção, ou seja, tudo pode ser ensinado.
- ensinam: arte de argumentar e persuadir, decisiva para quem exerce a cidadania numa democracia direta, em que as discussões e decisões são feitas em público e nas quais vence quem melhor souber persuadir os demais, sendo hábil, jeitoso, astuto na argumentação em favor de sua opinião e contra a do adversário.
- não são membros de uma escola filosófica, pois eram individualistas para admitir um mestre fundador de quem seriam discípulos.
- para eles todo conhecimento é aprendizagem que depende das circunstâncias, do professor e do aprendiz, não se poderia transformar a sofística num corpo doutrinário transmissível de geração em geração.
- os sofistas possuem em comum: argumentação, profissionalismo, convencionalismo e ceticismo(não acreditavam na pretensão da filosofia de conhecer a phýsis)

1.3. Método:

a) RETÓRICA: arte de persuadir
b) DIALÉTICA: arte de discutir
- características do método:
* metáfora: linguagem poderosa
* poesias: falar com rítmo
* atores: falar com graça
* políticos: falar com elegância
* música: falar as palavras com ritmo para um discurso comovente
* dança: para ensinar gesticulação e postura corporal
- objetivo: falar em público, memorização, postura e dicção.

1.4. Críticas
- Os socráticos eram inimigos dos sofistas
SOCRÁTICOS
SOFISTAS
alethéia (verdade)
 dóxa (opinião)
 falavam para filósofos
falavam a quem lhes pagassem
sabedoria é inata/natural        
educação ensinada/pedagogia
 partido: aristocracia
partido: democracia
crítica aos sofistas: mentirosos
professores de virtude
demagogos, charlatães


1.5. Fases do Pensamento Sofista:

1ª FASE – CRIADORES

a) PROTÁGORAS DE ABDERA

- o individuo é “medida de todas as coisas” e, portanto, também do bem e do mal, do verdadeiro e do falso.
- mas está vinculado pelo critério do útil
- Esta é a primeira forma de relativismo
- Relativismo: doutrina segundo a qual a idéia de bem e de mal é variável conforme o tempo e a sociedade
- a virtude para o homem: é a força da razão com  a qual pode-se tornar forte o argumento mais fraco (antilogia) e buscar o útil da cidade.

b) GÓRGIAS DE LEONTINI

- não existem bem e mal, verdadeiro e falso porque nada existe e, mesmo se existisse, não seria cognoscível e, mesmo que fosse cognoscível, não seria comunicável.
- Esta é a primeira forma de niilismo
Niilismo: é a redução ao nada; aniquilamento; não-existência. Ponto de vista que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na existência
- a virtude para o homem: é a retórica, ou seja, a capacidade de usar a palavra e o discurso e de desfrutar a capacidade de sugestão e de persuasão com fins próprios.

2ª FASE – PROPAGADORES 

a) PRÓDICO DE CÉOS

- interpreta em chave utilitarista a moral e particularmente o conceito de bem.
- a virtude para o homem: é o conhecimento da arte da sinonímia (sinônimos), que permite encontrar os sinônimos para tornar os discursos mais convincentes.

b) HÍPIAS E ANTIFONTE

- verdade e bem é aquilo que está conforme à lei de natureza.
- opinião é aquilo que está conforme à lei positiva
- enquanto a verdade oferece firme referência ética e leva ao igualitarismo, a opinião leva às discriminações entre os homens.
- Nascem os conceitos de lei de natureza e lei positiva.
- a virtude para o homem: viver segundo a natureza
3ª FASE – EPÍGONES

- seguidores que imitam os primeiros, sem grande capacidade crítica e inventiva,
- deixam a retórica e a discussão para torna-se erística
- Erística: gosto da discussão pela simples discussão, invenção de argumentos pró e contra sem nenhuma finalidade.
- degeneração da sofística
- a virtude para o homem: a vontade do mais forte que se impõe sobre o mais fraco.

1.6. Conclusão

- a sofística criticou:
1) a moral: em sentido do relativismo, do niilismo e do utilitarismo,
2) o conhecimento: o logos não leva a uma verdade isenta de controvérsias.
3) a religião: dessacralização da religião
- mas não soube construir alternativa filosófica válida para substituir as criticadas.

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